A agremiação folclórica apresentou na noite deste dia 26, o tema “Amazônia Brasileira, sempre”. Neste espetáculo o Garantido mostrou a Amazônia que não é só dos amazônidas, é do Brasil. “É nossa Amazônia Brasileira, do branco colonizador despreparado para o convívio pacífico com os povos que aqui vivem, do negro africano escravizado que nos legou heranças inestimáveis, representadas nos tambores da nossa Batucada”, explicou o presidente do Garantido Telo Pinto.
O presidente afirmou que no roteiro da noite o índio continua renitente na sua luta de resistência pelo direito às suas terras, pela preservação de sua cultura e em defesa de uma Amazônia que também respeite os índios e seja respeitada. “Essa nossa Amazônia forjada no sofrimento do choque de culturas que nos deixaram marcas profundas, mas que soubemos superar para sermos esse povo feliz que ainda acredita na convivência harmoniosa entre os povos e em equilíbrio com a natureza”, destacou Telo.
Estrutura alegórica
A história da ocupação da Amazônia foi ponto alto da “Celebração Folclórica – Mistura das Raças”, uma alegoria dos artistas José Trindade e Jonathan Marinho. A estrutura representou as atrocidades cometidas contra as populações indígenas que aqui viviam, deixando um isolamento da região quase sempre causado pelos colonizadores portugueses. A mistura das raças configurada na alegoria trouxe a porta estandarte Raissa Barros, a sinhazinha da fazenda e o boi Garantido.
A Lenda Amazônia representou a “Mãe da Mata”. Uma entidade que apareceu na rena envolta em um manto com o rosto parcialmente coberto, sentada em um tronco de árvore a beira da mata. É uma espécie de duende da floresta, ela tem um pássaro sempre a sua disposição que avisa dos perigos de caçadores. A alegoria é do artista Francinaldo Guerreiro. Do centro da alegoria surgiu montada em um porco queixada a cunhã-poranga Tatiane Barros que evuluiu para o público com uma performance inigualável.
O seringueiro e ecologista Chico Mendes, foi representado na “Figura típica regional”, um trabalho do artista do Garantido Vandir Santos. O enredo da apresentação registra o período áureo da borracha e que a partir daí nasce um novo tipo de homem amazônico, o seringueiro. Portanto a Figura típica regional nada mais é que fruto da miscigenação entre os filhos da seca nordestina, os soldados da borracha, e os filhos das águas da Amazônia, índios e caboclos, transfigurados a partir da colonização européia. Em meio ao seringal surge em um casebre de palha a rainha do folclore Patrícia de Góes com uma indumentária nas cores preta com detalhes brancos.
O pajé André Nascimento veio realizar mais uma pajelança com o “Ritual Indígena Kuarup”. O ato tribal mostrou uma cerimônia espiritual festiva realizada pelos índios que vivem no Parque Nacional do Xingú, o Kuarup. O ritual acontece em noite de lua cheia, no mês de maio, na aldeia dos índios Kuikuru que convidam as tribos amigas para a celebração do que eles chamam de “festa do reviver” porque acreditam que Mawutzinim, deus da criação do mundo xinguano vai fazer voltar à vida os seus mortos ilustres, como pajés, guerreiros ou caçadores.
O Garantido fechou a noite e o Festival Folclórico de Parintins 2011 com muita energia proporcionada pela galera e pelos integrantes que formam o espetáculo folclórico do boi da Baixa de São José. “Com o resultado positivo das apresentações, temos a certeza que o resultado final também vai o esperado pela Nação Vermelha e Branca, que é a conquista de mais um título”, afirmou Telo Pinto.
Texto: Marcondes Maciel
Fotos: Élcio Farias
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