domingo, 26 de junho de 2011

Espetáculo na segunda noite do Garantido

O esquema de cenotécnica desenvolvido pela diretoria e Comissão da Artes do Garantido foi cumprido à risca na apresentação da segunda noite do Festival Folclórico de Parintins. “Tudo que foi planejado deu certo, portanto o boi esteve impecável”, disse o artista Júnior de Souza, coordenador de estrutura de alegorias e cenotécnica do bumbá.


O Garantido abriu a segunda noite de disputa com um espetáculo à parte proporcionado pelo apresentador Israel Paulain e o levantador de toadas Sebastião Júnior. Os dois com pouco mais de uma hora de apresentação subiram em um praticável junto a galera vermelha e branca e em um coro uníssono cantaram as toadas do repertório Miscigenação 2011. “E a galera esteve, como sempre, impecável e retribuiu todo o carinho do boi do Povão”, ressaltou Israel Paulain.

Um dos pontos altos foi a empolgação da galera que não parava um só momento.  A emoção foi percebida em todos os momentos de apresentação. O apresentador Sebastião Júnior levou o público ao delírio quando encenou a performance do Boto, o Sedutor das Àguas, uma toada dos compositores Demétrius Haidos, Geandro Pantoja e Neto Cidade. Na dramatização Sebastião contracenou com um jovem cabocla ribeirinha representado a lenda do boto, que conquista as meninas moradoras dos beiradões da região.

Amazônia Cabocla

O espetáculo apresentado foi voltado para o subtema "Miscigenação e convivência pacífica - Amazônia Cabocla, hoje". O enredo da noite levou para a arena do bumbódromo a força do povo da Baixa de São José, vila de pescadores e maior reduto da Miscigenação negra da Ilha Tupinambarana, onde Lindolfo Monteverde, descendente de negros nordestinos criou o boi Garantido há quase 100 anos, no início do século passado.

Portanto a Amazônia Cabocla, miscigenada, transfigurada pela força indígena que mesclou ao branco invasor para criar um novo povo, mais generoso e pronto para a convivência multirracional harmônica. A Miscigenação a serviço das interrelações humanas nesta Amazônia Cabocla de hoje, da palha e do cipó, da juta e da rede, do homem simples da floresta.

Espetáculo alegórico

Demonstrando o cenário do cipó, palha e pau a pique que predominou durante toda a colonização dos beiradões do grande Amazonas o artista José Trindade apresentou a alegoria Amazônia da Palha e Cipó, uma celebração folclórica cabocla. A lenda do boto, talvez a mais conhecida na vastidão desta nossa Amazônia foi o destaque da Alegoria que trouxe a Lenda Amazônia com o boto, o sedutor das águas.

A figura típica regioinal do artista Zilcson Reis levou o Juteiro da Amazônia, figura que na esteira da Miscigenação, há 80 anos os japoneses deram sua contribuição no processo de tranfiguração do caboclo da Amazônia, detreminado atravez de suas habilidades agrícolas um novo tipo amazônico, Juteiro. Fechando a apresentação da segunda noite o Garantido apresentou um show de arte plástica, cores, luzes e efeitos na evolução do Ritual Indígena Matawi Kukenã, uma obra do artista Marialvo Brandão.

Nessa alegoria o pajé André Nascimento fez sua aparição numa batalha no plano sobrenatural, entre os espíritos de guerreiros das tribos Macuxi e Wapixana. O pejé em transe trancede ao mundo espiritual, empurrado pelo canto da tribo Macuxi que o eleva ao topo do Monte Kukenã, onde ele invoca os espírito Kanaimé, seres gigantes invisíveis que habitam os subterrâneos do monte.

Texto: Marcondes Maciel
Foto: Ataíde Tenório

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