“Não estou nervosa”, garante Ana Luisa. “Apenas ansiosa, afinal de contas, é uma responsabilidade grande. Você, junto com o boi, tem uma missão a cumprir”, acrescenta a loira de olhos verdes de 25 anos. Ana Luisa nasceu em Santarém mas mora há um ano e meio em Manaus, onde trabalha como advogada numa firma e dá continuidade ao seu mestrado em Direito Ambiental.
“A minha família sempre participou do boi, e venho para Parintins desde pequena”, conta o mais novo item do bumbá encarnado. Em 2003 e 2004, Ana Luisa participou do baile corrido do Garantido, além de já ter dançado no item “Lenda Amazônica”. “Sempre participei do Garantido, venho todo ano desde que tenho três ou quatro anos. E, em 2011, surgiu essa oportunidade de vir fazer a seleção para a vaga de sinhazinha”, conta, não conseguindo esconder o sorriso.
Já sobre sua participação no Festival, Ana Luisa é clara. Ela acredita que, enquanto o Garantido a trouxer coisas boas, ela será feliz. “A alegria está em brincar de boi e poder representar isso é ótimo. Cada pessoa entra na arena para revelar seu estilo próprio, e eu tenho o meu. É claro que trazem os coisas boas das outras (sinhazinhas anteriores) e elimina o que achamos ruim, mas estou preparada para isso”, revela, convicta.
E o que o Garantido tem que o contrário não tem? “Tudo!”, exclama a dançarina, rindo. “A nossa torcida é muito mais apaixonada pelo boi; não há momentos ruins aqui dentro. Prova disso é que ganhamos o item “Galera” 12 anos seguidos. Acho que essa paixão do povo o torna mais especial”, acredita Ana Luisa.
Tatiane, ou simplesmente Tati, como é conhecida dentro da nação vermelha e branca, se ver obrigada a concordar com a sua companheira de bumbá. “A gente recebe a emoção da torcida, que está sempre com os braços abertos para nos apoiar, e isso é muito gostoso, não há como negar”, afirma a morena de 27 anos, recém-formada em fisioterapia. Ela, porém, prefere não usar a palavra “despedida” em sua última apresentação como cunhã-poranga. “Eu fico um pouco triste, emocionada, claro. Fico pensando como vai ser ver, no ano que vem, uma outra cunha se apresentando no meu lugar... Mas mesmo assim é complicado falar em despedida, não penso ‘ah, preciso fazer minha despedida’. Simplesmente entrego na mão de Deus”, afirma, levemente emocionada.
Tati foi, durante três anos, porta-estandarte do vermelho, e nesta edição do Festival completa sua sétima vez como cunhã-poranga. “O amor que eu sinto pelo Garantido jamais vai acabar, só quando eu morrer. E, ano que vem, vou para a galera, até porque eu sou da galera, sou da batucada, sou do comando, sou vermelha!
Quando indagada quem seria uma substituta ideal, Tati pondera um pouco antes de responder. “Na realidade, não vejo ninguém agora. As pessoas falam que a minha irmã, a Raissa Barros, irá me substituir, mas nunca sabemos o dia de amanhã”, adianta. Mas a amorena deixa claro que, independente de quem for ocupar seu lugar, ela estará pronta a prestar toda sua experiência, “afinal, são dez anos de arena”, finaliza, rindo.
SAIBA MAIS
Não é a primeira vez que o Garantido, que conta com o tema “Miscigenação” nesta edição do Festival Folclórico de Parintins, aborda o assunto. Em 1998, o bumbá entrou na arena com um tema parecido, sobre a mistura do branco, do caboclo e do índio. Quem lembrou disso foi Ana Luisa Faria, que também participou do Festival há 13 anos. “É um tema promissor e as toadas acompanham esse ritmo”, avaliou.
VIctor Affonso
Da Equipe de A Crítica
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