sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entrevista: personalidade forte e fé de Raisa Barros

Ela não se intimida com a altura – no ano de sua estreia como porta-estandarte do boi Garantido surgiu de uma alegoria distante 40 metros do chão sem medo –, mas, além da coragem conta com o apoio da irmã mais velha, a cunhã-poranga Tatiane Barros, que também é item do boi vermelho.
Faltando poucos dias para suas evoluções na arena do Bumbódromo, Raisa Barros,17, recebeu na ‘casa dos itens’ a reportagem do portal acritica.com e falou sobre a possibilidade de substituir a irmã; a rotina antes do festival; sobre um acidente que lesionou seu joelho há poucos dias; e  revelou que tem pretensão de, a exemplo de outros itens como Israel Paulain e Vanessa Gonçalves, seguir na carreira política.

Você já pensou na possibilidade de substituir sua irmã e se tornar a nova cunhã-poranga?

Eu não sei. Se houver o convite, é claro que vou aceitar. Eu sou louca pelo Garantido. Quando passei a fazer parte daquele trabalho sente muito mais amor. Isso é da diretoria. A diretoria que decide. Se chegarem a me convidar eu não vou recusar. É difícil , é muito difícil dançar com o estandarte. Hoje me sinto segura, tenho interação. Eu sinto que a minha irmã ainda tá no auge. O item que está ganhando não tem por que tirar. Hoje não vejo ninguém preparada, a altura dela. Dos 10 anos que ela dançou ela perdeu uma noite. Não foi por ela, mas foi por um acidente que não foi culpa dela. Se a contraria se sente superior por causa disso eu não me acharia não. Saiu uma entrevista sobre a despedida dela, ela evita falar disso. Ela sabe que a qualquer momento podem chegar com ela, mas não é uma vontade dela.

Foi mais fácil se tornar item tendo a irmã ao lado?

Digo que eu tenho muita sorte. Eu tive uma grande mestra do meu lado. Meu primeiro ano, comparando com a Ana Luisa, eu acho ela muito tranquila com a cabeça mais centrada. Meu primeiro ano foi de tumulto, pela pressão.  Mas a Tati me ajuda muito.

Fale sobre a sua relação com a irmã Tatiane Barros.

Ela é mais nervosa e eu sou mais explosiva, ela é determinada.A gente é bastante companheira uma cuida da outra. Temos uma sintonia bem legal. Quero me inspirar nela. Na faculdade, por exemplo, ela tá saindo e eu entrando. Quero me espelhar nela que não reprovou nenhum período. Ela conseguiu conciliar o boi e a faculdade com muita responsabilidade. Quero ser assim. Como a gente mora com as irmãs em Manaus ela é muito preocupada muito dedicada a família, muito religiosa. Tenho minha mãe que é um espelho de vida pra mim, mas tenho ela também, que me passa todo esse exemplo. Esse orgulho.

Vocês se ajudam, trocam de experiências?  

Geralmente depois das apresentações ela observa bastante e conversamos sobre os detalhes. Ela ve coisas que nem eu percebo. Ela é bastante detalhista.  

Como é a rotina a poucos dias do festival?

Eu acredito que em termos de ensaio o que teve para aprender já se aprendeu. Agora é só colocar na arena. Nos tivemos os quatro ensaios técnicos pra definir o que estava faltando. Na  rotina agora tem a academia.  A gente fica com o Kid, que é nosso personal. Agora é um treinamento mais de resistência. Antes estávamos tendo pelo menos duas horas na academia. Agora como o tempo é muito corrido procuramos ficar cerca de uma hora e meia na academia. Tem teste de alegoria, de roupa. Passa horas no QG pra ver se tá pesada, se não precisa de ajustes. Nos mínimos detalhes a gente tem que estar perto pra ver.

Com relação as suas fantasias, vi uma delas no ateliê do artista Murilo Maia e percebi que está muito bem acabada e com detalhes que ajudam dar mais conforto. Você concorda? 

Ainda não tinha usado nenhuma fantasia dele. O que eu achava bonito eram as roupas de apresentador, levantador, amo. Mas, feminino nunca vi. Tanto que pedi: ‘Murilo dá a tua vida nessa fantasia. Eu gostei muito e achei maravilhosa. Ele pensou muito no meu conforto a gente teve uma interação muito legal. To gostando muito de trabalhar com ele.

Ainda falando sobre a preparação, antes de entrar na arena o que você faz pra conseguir entrar concentrada?   

A minha mãe faz um grupo de oração lá em casa. Nós somos muito devotos de Nossa Senhora. O meu ritual que eu faço é rezar bastante. Machuquei meu joelho, agora o cara veio e disse: ‘anda com um dente de alho’. Eu falei que pra mim é só Deus. O único ritual que tenho é entregar nas mãos de Deus. Peço proteção tanto pros itens individuais quanto pros itens coletivos.  

O joelho machucado pode prejudicar?

Não já estou recuperada. Quando o Israel me chamou pra dançar no palco da festa de comemoração dos 10 anos dele no Almirante, em Manaus. Eu tava no camarote quando ele me chamou de surpresa no palco. Saí correndo já com minha música cantando, na pressa. Me me machuquei na escada e fui direto pro hospital. Não chegou a ser uma lesão séria, mas machucou.  Mas, graças a Deus está tudo bem.

O medo da altura nas alegorias existe?

Eu gosto muito de altura, nas alegorias eu pedi altura. Quantos metros? Oitenta. Eu disse ‘só isso?’.  Vou sair de 20 metros de altura. O primeiro ano sai de uma com 40 metros de altura. Fica um impacto muito grande. Pra você se sentir bem você tem que se sentir bem desde lá da entrada. Você já entra na noite com ar de eu estou bem, a alegoria está linda, vai dar tudo certo. Eu procuro pedir. Não quero vir do chão, gosto de alegorias altas.  Tem que desafiar um pouco.        

Com toda essa altura, equilibrar-se segurando o estandarte é mais difícil?

No primeiro ano que sai de 40 metros queria dar um jeito de amarrar o estandarte, pensava na possibilidade dele cair e eu perder pontos. Era ele cair e eu cair junto com ele.

Apesar da pouca idade você tem uma personalidade forte e aparenta ter mais idade da que realmente tem. É verdade que se interessa por política?

Eu gosto muito de política e de conversar com pessoas mais maduras. Eu gosto desse ramo. Futuramente não sei como vai ser, mas quem sabe começo a pensar nisso.

Tem algo que não abordamos nessa entrevista que você gostaria de ressaltar?

Eu represento o pavilhão. O amor, toda a garra, que esse ano eu venho muito mais preparada. Eu tenho certeza. Acho que eu não tinha me preparado tão bem em termos coreografia como esse ano. Queria dizer pra contrária que quem ri por último ri melhor.  

Leandro Tapajós
Do portal acrítica.com
Foto: Euzivaldo Queiroz

   

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